Após eleição de Leão XVI, Dom Jaime diz que Igreja não deve se prender a ideologias
Ele comentou sobre o perfil do novo Papa e as frequentes classificações entre alas “progressistas” e “conservadoras” dentro da Igreja.
Nesta sexta-feira (09), o Colégio Pio Brasileiro, em Roma, foi palco de uma coletiva de imprensa com os cardeais brasileiros que participaram do Conclave que elegeu o Papa Leão XVI. Entre os presentes, Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), compartilhou reflexões sobre os rumos da Igreja, o novo pontífice e o atual cenário mundial.
Ele comentou sobre o perfil do novo Papa e as frequentes classificações entre alas “progressistas” e “conservadoras” dentro da Igreja.
“Eu pessoalmente não gosto dessas classificações. A questão é a fidelidade àquilo que é fundamental: o Evangelho. Nós não somos de direita, nem de esquerda. Nós somos homens do Evangelho.”
O arcebispo reconheceu que há, sim, influências ideológicas que permeiam a sociedade e, eventualmente, tocam os ambientes eclesiais, mas reforçou a centralidade da missão cristã
“É verdade que, às vezes, podem aparecer sinais de ideologias. Mas não podemos perder aquilo que é o básico, o fundamental, o foco: o Evangelho.”
Durante o discurso inaugural, o Papa Leão XVI repetiu por dez vezes a palavra “paz”, um gesto simbólico que não passou despercebido. Dom Jaime comentou o significado mais profundo do termo, indo além da simples ausência de conflitos armados.
“Quando ouvimos falar de paz, imaginamos conflitos. Mas paz é muito mais do que isso. Não é apenas a ausência de guerra. Vale lembrar, por exemplo, o significado da palavra ‘shalom’, na tradição judaica, que nós também reconhecemos como fonte. Shalom implica tudo aquilo que o ser humano é capaz de pensar de melhor, a partir da perspectiva divina.”
Para o presidente da CNBB, o desafio da paz é urgente e envolve todas as dimensões da vida humana — não apenas a geopolítica, mas também a convivência, o respeito e a dignidade:
“O ótimo, o excelente, aquilo que de maior o ser humano pode imaginar para si e para os seus — isso é paz. Isso é shalom.”
*Com informações de Jorge Biancchi, direto de Roma