Reitor do Colégio Pio Brasileiro detalha rotina dos cardeais brasileiros às vésperas do Conclave
A rotina no colégio é intensa. Com 105 padres residentes, sendo 102 brasileiros de 85 dioceses, há uma integração profunda entre os religiosos e os cardeais que ali estão hospedados.
O Colégio Pio Brasileiro foi definido pelo Papa João Paulo II, como “um pedacinho do Brasil em Roma” e é exatamente esse espírito de acolhimento que marca a atuação de padre Valdir Cândido Moraes, reitor do colégio Pio Brasileiro, e de sua equipe neste momento da Igreja.
“Aqui, os cardeais encontram apoio logístico, espiritual e até emocional. Queremos que eles se sintam em casa, como se fosse uma extensão da sua diocese no Brasil”, explicou o reitor.
A rotina no colégio é intensa. Com 105 padres residentes, sendo 102 brasileiros de 85 dioceses, há uma integração profunda entre os religiosos e os cardeais que ali estão hospedados. Muitos dos padres que estudam atualmente em Roma são diretamente ligados às dioceses dos cardeais participantes do conclave.
Os dias que antecedem o conclave são marcados por congregações gerais no Vaticano. Os cardeais saem cedo do colégio e seguem para reuniões que ocorrem das 9h às 13h e, em seguida, retornam para almoçar e descansar. À tarde, retornam ao Vaticano para mais reuniões.
“Hoje e amanhã, por exemplo, eles terão quatro congregações ao todo — duas pela manhã e duas à tarde — para garantir que todos tenham a oportunidade de expressar suas reflexões sobre o futuro da Igreja e o perfil desejado para o novo Papa”, contou padre Valdir.
Cada cardeal pode discursar e expor suas visões sobre os desafios atuais da Igreja. As discussões, segundo o reitor, são profundas e respeitosas.
“Eles não discutem nomes. Estão mais preocupados em refletir sobre os rumos da Igreja. A questão de se o Papa será italiano, como se especula, não é uma pressão real entre eles. Essa narrativa vem mais de fora”, destacou.
O Brasil está bem representado no colégio e no conclave. Um dos nomes citados pelo padre Valdir foi o do cardeal Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil.
“Dom Sérgio fez parte do seleto grupo de nove cardeais que aconselhavam o Papa Francisco diretamente. Tem uma relação muito próxima com o Vaticano, o que o coloca como um dos nomes de destaque”, afirmou.
O reitor também destacou com orgulho a presença de padres da Bahia e, mais especificamente, da região de Feira de Santana, como o padre Arivaldo, que já reside há mais de dois anos no colégio e integra a equipe de cerimonial do Vaticano.
“Padre Arivaldo vai atuar diretamente nas celebrações solenes, inclusive na missa que abre oficialmente o conclave. Ele é um exemplo do comprometimento dos padres brasileiros com a Igreja mundial”, ressaltou.
Outro nome lembrado foi o do padre Danilo Leal, natural de Alagoinhas, que também está no Pio Brasileiro.
O padre Valdir reconhece o desafio de administrar o colégio em tempos tão simbólicos, mas vê na missão um privilégio.
“Estamos nos bastidores de um dos momentos mais importantes da Igreja Católica. Nosso papel é oferecer estrutura, acolhida e tranquilidade e também, quando possível, facilitar o trabalho da imprensa com os cardeais, sempre com respeito e discrição”, disse.
O reitor fez questão de agradecer a todos que acompanham esse trabalho, especialmente os que reconhecem o esforço de sua equipe.
“Temos uma equipe comprometida em manter o clima de leveza, mesmo em meio à complexidade do momento. É emocionante viver isso aqui. Que o novo Papa seja uma escolha inspirada por Deus”, finalizou.
O conclave está marcado para começar nesta quarta-feira (05).
*Com informações de Jorge Biancchi, direto de Roma