Jerônimo Chanja fala sobre o legado de Francisco e possibilidade de um Papa negro
Ele trabalha na Embaixada de Angola e tem prestado apoio a diversos jornalistas angolanos e brasileiros que chegam para cobrir o sepultamento do pontífice e o Conclave que definirá o novo Papa.
Em participação especial no programa Jornal do Meio Dia, transmitido pela Rádio Princesa FM, o angolano Jerônimo Chanja, compartilhou com os ouvintes de Feira de Santana e região um panorama direto de Roma sobre os acontecimentos que sucedem a morte do Papa Francisco. Leigo cristão católico e morador da capital italiana há 18 anos, Ele trabalha na Embaixada de Angola e tem prestado apoio a diversos jornalistas angolanos e brasileiros que chegam para cobrir o sepultamento do pontífice e o Conclave que definirá o novo Papa.
Segundo Jerônimo, a movimentação em Roma é intensa. “Roma está inundada de jornalistas, já passam de cinco mil. Estou ajudando na parte de relações públicas e protocolares, é uma correria entre o aeroporto e a Praça de São Pedro”, relatou.
A Basílica de São Pedro tem sido o principal ponto de homenagem ao Papa Francisco. “Só no segundo dia, até a noite, já tínhamos 50 mil pessoas que foram visitar o corpo. No sábado, a previsão é de mais de 450 mil pessoas. A cidade está cheia, os hotéis lotados, e as estradas já com alternativas criadas para suportar o fluxo. Roma está em estado de acolhimento total”, destacou.
Jerônimo também comentou sobre o impacto desses acontecimentos em meio à programação do Jubileu dos Adolescentes e à canonização de novos santos, que estavam previstas.
“Tudo está sendo reconfigurado. Roma já estava se preparando para receber milhares de pessoas com esses eventos, mas agora, com o falecimento do Papa, o foco está totalmente voltado para o sepultamento e o Conclave.”
Ao ser questionado sobre a possibilidade de eleição de um Papa negro — assunto que tem circulado entre fiéis e inclusive foi tema de reportagem da revista Forbes, que citou o cardeal ganês Peter Turkson como um dos nomes cotados — Jerônimo foi direto: “Não importa se será negro, branco ou amarelo. A questão é: quem será o Papa capaz de dar continuidade a uma Igreja mais aberta, como desejava Francisco?”.
Ele enfatizou que o processo de escolha não se baseia em opiniões externas. “A eleição de um Papa não depende da vontade popular ou de pressões políticas. A escolha ocorre nas Congregações Gerais, com os cardeais refletindo sobre os desafios atuais da Igreja e o perfil necessário para quem irá conduzi-la. Eles analisam experiência, liderança, espiritualidade e capacidade diplomática dos possíveis candidatos.”
Sobre o legado de Francisco, Jerônimo destacou a inspiração no santo que lhe deu o nome: “Francisco foi um reformador, como São Francisco de Assis. Ele quis uma Igreja menos institucional e mais aberta ao Evangelho e ao mundo.”