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Morte do Papa Francisco comove fiéis e deixa legado de humildade e coragem, avalia Frei Cristóvão Lima

“Um tempo de luto, mas também de esperança”, diz Frei Cristóvão ao comentar a morte do pontífice.

22/04/2025 06h12
Morte do Papa Francisco comove fiéis e deixa legado de humildade e coragem, avalia Frei Cristóvão Lima

A morte do Papa Francisco, anunciada durante a Oitava da Páscoa, gerou comoção mundial e profunda tristeza entre os fiéis católicos. Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia, o Frei Cristóvão Lima, diretor do Colégio Santo Antônio, compartilhou suas impressões sobre a perda do pontífice, refletiu sobre seu legado e falou sobre os próximos passos da Igreja Católica.

“Recebemos com muita tristeza essa notícia. O Papa vinha enfrentando problemas de saúde, ficou internado por dois meses, havia recebido alta e parecia estar em processo de recuperação. A aparição dele na missa de Páscoa nos deu esperanças, então a notícia foi um choque”, contou Frei Cristóvão.

Apesar da dor da perda, ele ressaltou que o momento é também de renovação da fé. “Estamos na Oitava da Páscoa, o tempo da esperança na vida eterna. E é nisso que acreditamos: que nosso Papa já contempla a face de Deus e foi acolhido por todo o bem que fez.”

O legado de um Papa reformador

Frei Cristóvão destacou a coragem e a simplicidade como marcas registradas do Papa Francisco. “Assumir o nome Francisco já dizia muito sobre a missão que ele queria cumprir. Foi o primeiro Papa na história da Igreja a adotar esse nome, inspirado em São Francisco de Assis, símbolo da humildade, do desapego e da coragem.”

Ele lembra que o Papa Francisco enfrentou desafios internos com firmeza. “Ele tocou em pontos sensíveis da Igreja: escândalos financeiros, casos de abuso, estrutura hierárquica… Com humildade, nomeou mulheres para cargos de destaque, algo inédito até então. Leigos e religiosas passaram a ocupar postos que antes eram exclusivos do clero masculino.”

Para o frei, o Papa trouxe um novo olhar do mundo sobre a Igreja. “Ele tirou a Igreja da crise de imagem e devolveu a ela o protagonismo positivo. O que Bento XVI não conseguiu fazer por questões de saúde, Francisco, mesmo com limitações, enfrentou com coragem.”

Um pontífice entre o povo

A passagem do Papa pelo Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013, é lembrada com carinho por Frei Cristóvão.

“Ali ele mostrou na prática como queria conduzir a Igreja: com simplicidade, sem medo de se aproximar do povo. Visitou uma favela, tomou chimarrão oferecido por um fiel no meio da multidão… Isso é coragem. Isso é confiar plenamente em Deus.”

Ele relembra um episódio curioso: “No desembarque no Rio, ficou preso no trânsito. A segurança do Vaticano ficou apavorada, mas ele tranquilo, abaixava o vidro e abençoava o povo. Quebrava protocolos com naturalidade.”

Um funeral simples, como sua vida

Francisco também deixou instruções claras para seu funeral, em sintonia com a simplicidade que pregava.

“Ele será sepultado em um caixão de madeira simples, fora do Vaticano, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Ele mesmo reformou o rito funerário no ano passado, oficializado em 3 de novembro de 2024.”

A escolha da basílica tem profundo simbolismo, segundo Frei Cristóvão. “Era a igreja onde ele rezava antes de grandes decisões. É devoto de Nossa Senhora. E foi lá também que Santo Inácio de Loyola celebrou sua primeira missa — fundador da Companhia de Jesus, ordem à qual Francisco pertence. Ele era o primeiro papa jesuíta da história.”

Segundo o frei, a mensagem deixada pelo Papa é clara: “O Papa deve ser lembrado como pastor, não como monarca. Um funeral digno, mas sem ostentação. Isso é coerência até o fim.”

O futuro da Igreja e o próximo Papa

Com a morte do Papa Francisco, a atenção se volta agora para o conclave que escolherá seu sucessor. Frei Cristóvão explica que o processo será rápido.

“Após o funeral, os cardeais começam a se reunir. São 136 cardeais no total, mas apenas 128 podem votar e ser votados.”

Ele alerta para a onda de especulações que surgem nesse momento. “Muito se fala em possíveis nomes, até de brasileiros. Mas no último conclave, ninguém citava Jorge Mario Bergoglio, e foi ele quem saiu eleito. A escolha do Papa é algo conduzido pelo Espírito Santo. Não adianta querer adivinhar.”

A Igreja no Brasil terá seis cardeais presentes no conclave, entre eles Dom Sérgio da Rocha, que já viajou para Roma. Frei Cristóvão acredita que o próximo Papa terá grandes desafios pela frente.

“Os temas discutidos nos próximos dias, como inclusão, preconceito, discriminação e conflitos mundiais, vão moldar o perfil necessário para o novo pontífice.”

Ao final da entrevista, Frei Cristóvão deixou uma mensagem de fé e união: “É um tempo de oração. Que o Espírito Santo ilumine os cardeais para que escolham um pastor com sabedoria, coragem e humildade, como foi Francisco.”

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