“Papa Francisco parte e deixa legado de paz e diálogo”, diz arcebispo de Feira
Dom Zanoni também destacou o papel essencial do pontífice no diálogo inter-religioso, comparando sua trajetória à de São Francisco de Assis.
O arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanoni Demettino Castro, reuniu a imprensa na tarde desta segunda-feira (21) para lamentar o falecimento do Papa Francisco, ocorrido nesta data significativa para os católicos: a Oitava da Páscoa. Durante a coletiva, Dom Zanoni destacou o impacto global do pontífice argentino, conhecido por sua simplicidade, firmeza e profundo compromisso com o diálogo entre as religiões.
“É uma notícia bastante triste, não só para nós católicos, não apenas para nós bispos, mas para toda a humanidade. Eu já recebi até mensagens em árabe e inglês, de pessoas que encontrei em outros lugares, manifestando suas condolências. Um amigo espírita chegou a me ligar chorando, ao perceber a importância desta pessoa para o mundo, principalmente nesse momento de crise — crise econômica, crise de humanidade — que atinge a todos, especialmente os mais pobres”, declarou Dom Zanoni.
O arcebispo ressaltou o simbolismo da data da morte do Papa Francisco. “Na Oitava da Páscoa, celebramos a vitória da vida sobre a morte. A morte não tem a última palavra. Jesus não ficou preso ao madeiro, nem cresceu drama sobre o túmulo. Ele vive, ressuscita. A Páscoa de Jesus é também a Páscoa do Papa Francisco. O sofrimento dele, a fragilidade que ele nunca escondeu, nos tocaram profundamente. Aquela imagem do Papa Francisco na Igreja de São Pedro, tão simples, como um senhor doente, mas firme como pastor, é inesquecível.”
Dom Zanoni também destacou o papel essencial do pontífice no diálogo inter-religioso, comparando sua trajetória à de São Francisco de Assis.
“Temos uma história de diálogo desde o Concílio Vaticano II. João Paulo II propôs aquele encontro em Assis com todas as religiões. Bento XVI dialogou com a cultura. Mas foi Francisco quem repetiu o gesto de Francisco de Assis há 800 anos, quando foi ao Egito e encontrou o Sultão. Agora, Francisco propõe um mundo de paz, reconciliação e humanidade. Não haverá paz no mundo se não houver paz entre as religiões.”
O legado do Papa Francisco, segundo o arcebispo, será lembrado como uma continuidade da missão católica no mundo contemporâneo. “Ser cristão é ser sinal, vida, sal da terra e luz do mundo. Francisco nos mostrou isso com palavras e ações.”
Dom Zanoni convidou a comunidade para uma missa especial em homenagem ao Papa, marcada para as 17h, na Catedral Metropolitana de Sant’Ana.
“Nessa celebração, já não rezaremos pelo Papa como de costume, mas por sua alma. Até a eleição do novo pontífice, as orações seguem um rito diferente. É um momento de profunda comunhão e oração.”
*Com informações do repórter Matheus Gabriel