Justiça dos EUA barra deportação em massa de Trump, que afetaria 530 mil latino-americanos
A medida estava prevista para entrar em vigor na próxima semana, e anularia o programa de amparo a estrangeiros criado pelo ex-presidente Joe Biden
A juíza Indira Talwani, da Corte Distrital do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, bloqueou na segunda-feira (14) a tentativa do governo do presidente Donald Trump de revogar o status legal de mais de 530 mil imigrantes provenientes de Venezuela, Cuba, Nicarágua e Haiti.
Segundo matéria do InfoMoney, a medida, prevista para entrar em vigor na próxima semana, abriria caminho para a deportação em massas desses estrangeiros, que são amparados por um programa criado em 2022 pelo então presidente do país, Joe Biden. Em março, o governo Trump sinalizou sua intenção em encerrar o programa de seu antecessor.
A iniciativa adotada por Biden como uma alternativa para controlar a imigração irregular, oferecendo um visto temporário e permissão de residência a estrangeiros que ingressassem por via aérea e tivessem um patrocinador nos EUA, permitiu a entrada legal de até 30 mil migrantes por mês oriundos dos quatro países, todos marcados por graves crises políticas e violações de direitos humanos.
A decisão representa um novo revés para Trump na justiça, uma vez que o presidente reiterou durante sua campanha à presidência em 2024 a promessa de realizar a maior ofensiva de deportações da história americana.
A juíza responsável pelo caso concluiu que o governo atuou com base em uma interpretação incorreta da lei de imigração ao tentar aplicar regras de deportação sumária, destinadas a migrantes ilegais ou àqueles que ingressaram legalmente com autorização federal.
A decisão preserva, temporariamente, o direito de permanência de meio milhão de pessoas no país, e impõe um limite às medidas unilaterais do governo Trump na área migratória. A Casa Branca e o Departamento de Segurança Interna ainda não se pronunciaram sobre a decisão judicial.
Paralelamente, Trump tem intensificado seu discurso de segurança e repressão à imigração ilegal. Em recente declaração, o presidente americano mencionou a utilização de uma lei de 1798 para deportar membros da gangue venezuelana Tren de Aragua, que, segundo ele, seriam enviados para prisões em El Salvador.