Bahia registra aumento de acidentes com escorpiões
Somente em janeiro, mais de mil casos foram notificados; especialista orienta sobre como agir diante de uma picada
A Bahia enfrenta um crescimento alarmante nos acidentes com escorpiões. Apenas no primeiro mês de 2025, mais de 1.000 casos foram registrados, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Em 2024, o estado contabilizou 24.409 ocorrências, com seis óbitos relacionados às picadas.
Entre os municípios mais afetados estão Vitória da Conquista, Jequié, Feira de Santana, Irecê e Seabra. Diante desse cenário, nossa equipe conversou com Ângela Mara Carvalho, enfermeira e coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do Hospital Geral Clériston Andrade, referência no atendimento a vítimas de picada de escorpião na região.
“O Hospital Clériston Andrade é o único hospital da região que possui o soro antiescorpiônico para atender esses casos”, explicou a profissional. “No entanto, nem todos os pacientes precisam fazer uso do soro. Quando uma pessoa é picada, ela deve vir imediatamente ao hospital, onde será avaliada pela equipe médica da emergência. A maioria dos atendimentos requer apenas analgésicos para alívio da dor intensa causada pela picada.”
Apesar de muitas ocorrências não exigirem o uso do soro, Ângela alerta que crianças e idosos estão mais vulneráveis devido à menor massa muscular, o que favorece uma ação mais rápida do veneno no organismo. “Nesses casos, o uso do soro é, sim, indicado com mais frequência”, destacou.
A enfermeira também alertou sobre as principais formas de prevenção dentro e fora de casa:
“Um dos primeiros cuidados é manter os ralos internos sempre fechados, pois o escorpião pode entrar pela rede de esgoto, onde encontra alimento, principalmente baratas. Na área externa, é essencial evitar acúmulo de entulho, restos de madeira ou lixo, que são esconderijos ideais para o animal.”
Sobre os cuidados após a picada, Ângela é enfática:
“Não se deve aplicar nenhuma substância no local da picada, como manteiga, café ou pomadas. Isso não ajuda em nada. O ideal é manter a calma e procurar atendimento médico imediatamente. Quanto mais agitada a pessoa estiver, mais rápido o veneno se espalha, pois a circulação sanguínea se acelera.”
Ela reforça que o atendimento rápido pode evitar complicações graves:
“A pessoa pode apresentar uma reação alérgica ao veneno, que pode evoluir para falta de ar grave e insuficiência respiratória, sendo essas situações as principais causas de óbito por picadas de escorpião.”
Casos com crianças e adolescentes devem ser encaminhados ao Hospital da Criança. A recomendação geral é: não subestime a picada e busque imediatamente um centro de referência.
*Com informações do repórter Robson Nascimento